Deportados dos EUA Chegam ao Brasil com Tratamento Degradante
O Itamaraty e a Polícia Federal (PF) brasileira têm mapeado os voos com deportados dos Estados Unidos que chegaram ao Brasil nos últimos anos, revelando um tratamento degradante para os imigrantes brasileiros. Desde o início dos voos de deportação em massa, em 2018, durante a gestão do presidente Michel Temer, até os dias atuais, os voos fretados pelo governo dos EUA têm transportado brasileiros deportados usando algemas e correntes nos pés.
De acordo com informações da BH Airport, empresa que administra o Aeroporto de Confins em Belo Horizonte, Minas Gerais, 32 voos fretados pelo governo dos EUA transportaram 3.660 pessoas entre janeiro de 2023 e janeiro de 2025. Esses voos seguiram o padrão de transportar os deportados algemados e com os pés acorrentados, prática conhecida desde o início dos voos de deportação durante o governo de Jair Bolsonaro[4][5].
O uso indiscriminado de algemas e correntes nos pés viola os termos de acordo entre os governos brasileiro e norte-americano, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados. O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas não sejam respeitadas[3].
Recentemente, um avião com 88 brasileiros deportados dos EUA precisou pousar em Manaus devido a problemas técnicos. Os passageiros estavam reclamando de calor na aeronave e houve uma discussão entre os passageiros e a tripulação. Uma mulher passou mal, e a tripulação acionou a rampa inflável para desembarque, mas o equipamento leva tempo para voltar ao normal e precisou passar por manutenção[2].
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, determinou a retirada das algemas dos brasileiros após o pouso em Manaus. Ele criticou o uso das algemas, classificando-o como 'desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros'[4].
O governo brasileiro publicou uma nota oficial sobre a situação dos deportados, destacando que o tratamento indigno recebido pelos brasileiros foi uma 'revolta' para os 88 passageiros a bordo. O Ministério das Relações Exteriores vai encaminhar pedido de esclarecimento ao governo norte-americano sobre o uso de algemas e correntes nos pés[3].
A operação de deportação em massa, iniciada poucos dias após a posse do presidente Donald Trump, deteve 538 imigrantes ilegais e deportou centenas em aviões do Exército norte-americano. A porta-voz Karoline Leavitt anunciou que a maior operação de deportação em massa da história está em curso[1].
O uso de algemas e correntes nos pés é justificado pelas autoridades norte-americanas como necessário para impedir que algum passageiro deportado ataque a tripulação ou outros integrantes do voo. No entanto, o governo brasileiro considera que essa prática viola os acordos internacionais e é inaceitável[3].
O Itamaraty e a PF continuarão a monitorar a situação dos voos de deportação, buscando garantir que os direitos dos cidadãos brasileiros sejam respeitados. A nota oficial do governo brasileiro reforça a necessidade de um tratamento digno e humano para os repatriados[3].
A situação dos deportados brasileiros é um reflexo da política anti-imigração prometida pela nova gestão de Trump, que busca conter a imigração ilegal nos Estados Unidos. O governo brasileiro está determinado a proteger os direitos dos cidadãos brasileiros e a garantir que eles sejam tratados com dignidade[1].
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